De tanto Diego Saldanha falar aos dois filhos e à esposa o quanto sua infância fora divertida, brincando com seus amigos no rio Atuba, na divisa entre Curitiba e Colombo (PR), há uns 6 anos os filhos pediram ao pai para conhecer o tal rio. Chegando lá, em vez de encantamento, o sentimento das crianças foi de frustração. As águas estavam tomadas de garrafas pet e todo o tipo de resíduos. “O que vou deixar para meus filhos, me perguntei. Não queria deixar o Rio Atuba, onde passei toda minha infância, se acabar. E aí fiquei pensando como e o que eu poderia fazer”, relatou Diego.
Diego teve a ideia de criar uma barreira onde o lixo flutuante batesse e parasse. Com as próprias garrafas pet fez a primeira barreira, que se mostrou frágil demais. Então conseguiu toneis vazios de 20 litros e a barreira ficou bem mais resistente. Por último usou canos de PVC com gradil acoplado na parte de baixo, modelo usado até hoje.
Passados 6 anos, a ecobarreira inventada por Diego impediu que pelo menos umas 10 toneladas de lixo chegassem ao mar. Foram retiradas lá mesmo, no rio, que é um dos afluentes do maior rio do Paraná, o Iguaçu.
Com ajuda de um amigo, Diego começou a usar as redes sociais para divulgar o trabalho. Em 2016, a primeira postagem que fez no Facebook rendeu mais de 100 mil visualizações em 24 horas. Viralizou. Aos poucos, o invento e a atitude de Diego ganharam o país e o mundo. Diego já deu entrevista para as principais redes de TV aberta do Brasil, blogs, canais no you tube e sites especializados em meio ambiente, e até para uma emissora de TV da Holanda.
Curiosamente, apesar da fama ele não tinha sido convidado para dar uma palestra fora da sua região. E o primeiro convite partiu do projeto Encantos do Meio Ambiente (EMA), projeto de educação ambiental patrocinado pela Diamante Geração de Energia e executado nas dependências do Parque Ambiental Encantos do Sul, em Capivari de Baixo
Ontem (07), Diego Saldanha proferiu duas palestras no auditório do parque. Pela manhã reuniu cerca de 350 crianças e adolescentes de escolas da região. À tarde, a mesma palestra reuniu outro público, também de escolas da região da Amurel. No total, cerca de 750 estudantes assistiram encantados às palestras. Com apoio de fotos e vídeos, Diego contou sua trajetória e experiências. Para ele, a atitude individual de cada um está acima de outros aspectos e fatores quando o assunto é recuperação e preservação ambiental. “Dinheiro é importante e ajuda, mas o que mais precisamos para mudar a realidade ambiental é ter atitude”, acredita.
No período da tarde os alunos tiveram também a palestra da bióloga Sther Pessoa e do jornalista Santiago Anguita, do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), unidade de Laguna (fotos abaixo). O PMP reúne somente na unidade de Laguna 23 profissionais e desenvolve um trabalho de avaliação de possíveis interferências das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário a animais vivos e necropsia nos mortos. “As duas palestras se complementaram, pois a do Diego mostrou que os resíduos que descartamos inadequadamente vão parar nos rios, e que por fim, depois de contribuírem para provocar enchentes e outros problemas, vão para o mar. Já a palestra dos profissionais do PMP mostrou com fotos e números a enorme quantidade de animais marinhos mortos depois de engolirem resíduos jogados na natureza e que chegam até o mar”, destacou a coordenadora do EMA, engenheira agrônoma Mylena de Medeiros.
As atividades fizeram parte da 16ª Semana de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) da Diamante Geração de Energia, que iniciou dia 05, Dia Mundial do Meio Ambiente, e se estende até dia 10 de junho.
A Semas terá nesta quinta-feira (09) a palestra “Ciclo do Resíduo Orgânico no Complexo Jorge Lacerda”, com Andresa Severino, técnica em Meio Ambiente e Gestora Ambiental. Evento fechado para colaboradores. E no dia 10, sexta-feira, doação de mudas do Horto Florestal da Diamante para todos os interessados, nas portarias do Complexo termelétrico Jorge Lacerda e no Horto Florestal.